quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Escolhendo o Brinquedo Certo


"É impossível imaginar uma criança sem brincar. As sequelas dessa carência iriam desde uma inaptidão para organizar o próprio pensamento, até a dificuldade de interação com o mundo. Assim, uma das grandes manifestações de amor e de comprometimento com a educação das crianças é dar a elas brinquedos educativos e a companhia de alguém para brincar com elas. Afinal, não se pode esquecer que o brincar é muito mais importante que o próprio brinquedo, os quais, na medida do possível, devem ser guardados ao alcance das crianças, nossos pequenos seres em formação" 
Marilise Brockstedt Lech,  fala sobre o que é mais adequado e como oferecer algo construtivo que ajude na educação..
Por mais leveza que contenham as palavras “brincar” e “brinquedo”, ambas estão relacionadas com o mais importante que nos dá a infância: o desenvolvimento e a formação da personalidade do seu filho. É como a criança experimenta a vida. Um companheiro inesquecível. E a responsabilidade de quem media esse encontro é enorme.
Pensar que um brinquedo mais difícil, ou seja, indicado para uma idade maior, pode estimular ainda mais (ou melhor) o seu filho, pode ser um problema. O importante é observar a fase em que a criança vivencia, e quais habilidades ela está desenvolvendo naquele momento, até para aproveitar o brinquedo da melhor maneira possível.
A educadora Nylse Cunha, uma das maiores especialistas em brinquedos do país e fundadora da Associação Brasileira de Brinquedotecas, é bem direta na questão brinquedo e idade: desde que se leve em conta as regras de segurança, o que importa é a criança experimentar. “Uma será mais competente com o brinquedo em um aspecto e vai usar de uma forma mais complexa. Outra, de forma mais simples.” Isso pode ser bem exercido, por exemplo, em uma casa com irmãos de idades diferentes: podem usar o mesmo brinquedo de formas diversas, reinventando até as primeiras “funções”. A seguir, a gente dá para você mais argumentos para acertar na escolha.
0 a 1 ano
O bebê precisa de itens que estimulem seus sentidos e contribuam para seu desenvolvimento motor. A partir de 4 meses pode manipular chocalhos, mordedores, bonecos de pano que ele pode apertar. Até os 5 meses, a criança se sente atraída pelos móbiles bem coloridos e com sons. Mas, a partir disso, eles se tornam perigosos: a criança pode pegar e puxar para cima dela. Essa fase ainda comporta os tapetes de atividades: a criança ainda não senta, mas mexe com os diversos tipos de acessórios do brinquedo. Quando consegue ficar sentado, entre 6 e 8 meses, pega e examina os brinquedos com as mãos e suas formas, lados, cores, sons. Com os cubos coloridos ele primeiro brinca de destruir: o adulto empilha os blocos e ele derruba tudo. Aos 9 meses, aperta os botões e adora provocar os barulhos dos brinquedos sonoros.
1 a 3 anos
Nessa fase em que começa a andar, os itens ao redor dele (inclusive os da casa!) chamam mais a atenção do bebê: ele quer mexer em tudo. É também nesse momento que ele passa a se relacionar com outras crianças e, na companhia delas ou não, a fazer o que chamamos de “imitar a vida adulta”. Assim, são sucesso brinquedos de telefone, ou os que a criança brinca de dirigir ou de cozinhar, bonecas para ninar etc. Quanto menor a criança, mais ela precisa de brinquedos que a façam se movimentar, como carrinhos de empurrar. É hora também da massinha de modelar, de pintar com as pontas dos dedos e de experimentar firmar o lápis de cera, desenvolvendo a coordenação motora fina e estimulando a criatividade. Com a curiosidade aguçada, seu filho também vai se interessar muito por itens com portas que se abrem e fecham e botões para apertar. Ainda desenvolvendo a coordenação, a criança passa a treinar com as peças de encaixar, de pano e espuma para os mais novos, e de plástico ou madeira para os mais velhos.
3 a 6 anos
Nessa fase ainda é importante ter brinquedos que exercitem a motricidade fina da criança, que passa a brincar mais em conjunto com os colegas e, ao mesmo tempo, com mais concentração. Assim, os blocos de montar diminuem de tamanho e entram nos armários das crianças os kits de criatividade e outros itens com opções para montar e construir. O faz de conta também passa a ocupar grande parte das brincadeiras da criança e os heróis, princesas e até os tipos de profissões entram para ficar. Junto deles, os cenários completam a fantasia: o forte apache, o teatro, navios, castelos, casinhas de boneca. Habilidades como estratégia e memória ficam ainda mais aguçadas, é nesta fase que surgem os primeiros jogos (os mais simples como dominó e memória) e quebra-cabeças. Cheias de energia, a criança é atraída pelo movimento: carrinhos, motos, trens, aviões e, claro, as bicicletas. A partir dos 4 anos, mover um brinquedo por controle remoto é um grande desafio.
A partir de 6 anos
Até mesmo por estarem na fase de alfabetização e por entender mais a lógica por trás das decisões estratégicas, os jogos de competição passam a ser mais bem aproveitados pelas crianças. Assim, chega de tudo: os de tabuleiro, sorte, estratégia, cartas ou dados são o forte dessa fase. É também nesse período que a imaginação “serve” a outros propósitos: se antes imitam a vida do adulto, agora as bonecas e bonecos representam o que a criança quer ser quando se imagina adulta.
De olho na segurança
Quando pensamos em “brinquedo adequado” segurança é crucial. A idade, claro, conta demais. Para Alessandra Françoia, coordenadora da ONG Criança Segura, no entanto, a indicação da idade é só uma forma de padronizar a segurança. “Mas as crianças podem ter diferenças e particularidades. A nossa recomendação é ir além da indicação da faixa etária na embalagem e tomar cuidado – principalmente para os de 3 e 4 anos – com peças pequenas.” Veja as recomendações gerais:
• Os testes iniciais, logo depois de tirar o brinquedo da caixa: sacuda, balance, veja se não tem nada caindo, lascado ou pontiagudo.
• As peças não podem caber em um tubo de filme de fotografia.
• Cordões devem ter até 15 cm no máximo.
• Acesso totalmente fechado a baterias e pilhas, com parafusos.
• Tinta dos brinquedos não pode descascar.
• Periodicamente faça uma revisão dos brinquedos.
Fontes: Ivani Magalhães, coordenadora da brinquedoteca da Universidade Ítalo-Brasileira, Maria Ângela Barbatto Carneiro, coordenadora da Brinquedoteca da Faculdade de Educação da PUC-SP, livro Brinca Comigo! (Ed. Marco Zero), de André e Sylvia Zatz e Sergio Halaban

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A imaginação e a criança

 
                                                               

"A mesa sob a qual se acocora é transformada no ídolo de madeirado templo, cujas colunas são as quatro pernas talhadas. E atrás de uma porta, a criança é a própria porta; é como se a tivesse vestido com um disfarce pesado e, como bruxo vai enfeitiçar a todos que entrarem desavisadamente. Por nada nesse mundo podia ser descoberta. O que havia de verdadeiro nisso pude vivenciar em meus esconderijos. Quem me descobrisse era capaz de me fazer petrificar como um ídolo debaixo da mesa, de me urdir para sempre às cortinas como um fantasma, de me encantar por toda a vida como uma pesada porta".
 
                                                                                                           Walter Benjamin.
 
 
Tenho pensado muito sobre o quanto as pessoas são resistentes em optar por uma fantasia ou brinquedos com tinta, alegando que a mãe não vai gostar da sujeira e me lembrei desse livro, que comento brevemente logo a baixo. Quando comecei a escolher os itens que teria na loja, pesquisei muito e desejei ter fantasias boas, daquelas em que a criança poderia se sentir bem um dia todo, confortavel para dar asas a sua imaginação. Confesso que me intristece um pouco notar que os adultos colocam determinados limites e até sazonalidade para esse voar da imaginação infantil, mas desistir não é uma possibilidade. Sugiro a todos os pais, mães e tios que presenteim as crianças com ferramentas que a auxiliem a voar alto em suas brincadeiras, ofereçam a elas outras possibilidades e deixem a casa suja, pois vai durar bem pouco e logo ela estará limpa e vazia! Procurem também oferecer produtos que elas não tenham sido "convencidas" a comprar por suas séries favoritas ou propogandas excessivas, façam surpresas e se surpreendam com a simplicidade do brincar.

 



[Eu adoro o nome do livro em inglês: Einstein Never Used Flashcards: : How Our Children Really Learn--and Why They Need to Play More and Memorize Less]

Nesse livro as autoras parecem conversar com a gente. E esta conversa de mãe para mãe, mesmo sendo as três especialistas em educação e comportamento, nos faz pensar no desenvolvimento das habilidades intelectuais mais importantes e lembrar que este desenvolvimento depende muito do tempo que as crianças dedicam a brincar. Este é o ponto que eu penso alto e coletivamente aqui: ao contrário do que muitos crêem, o excesso de atividades dirigidas para o aprendizado de conteúdos pode atrapalhar, e muito. No livro eu aprendi como estimular as brincadeiras para torná-las mais produtivas, coisa que eu até repensei quando me aprofundei no Brincar Desestruturado (a base da ideia do Dirty is Good – porque se sujar faz bem), mas que no final tem como mote o mesmo processo de aprendizagem em cada área-chave do desenvolvimento infantil, abordando inclusive os aspectos fisiológicos envolvidos.

 
*****O jogo simbólico é uma atividade em que a fantasia infantil predomina, quando a criança faz representação corporal de sua imaginação, é uma atividade psicomotora que prende a criança à realidade pois, usando a sua imaginação e o faz de conta ela pode modificar sua vontade, apesar de que quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real. Durante a brincadeira a criança vai apreendendo e aprendendo a lidar com situações reais, brincando aprende-se cognitiva e socialmente...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Garatujas Fantásticas

No mês das crianças, nada melhor do que descobrir um site criativo e ludico como o Garatujas Fantasticas e de quebra ainda curtir uma trilha sonora inspiradissima! Foi paixão a primeira vista, pode? Passa por lá:

                                http://garatujasfantasticas.com/lave-as-orelhas-edicao-2/

Os Direitos das Crianças



Todas as crianças têm direito a um nome, a uma casa, a comida e estudo. Mas também têm direito a ouvir histórias, andar na chuva e brincar de adivinhação - afinal, a infância é o tempo em que começamos a perceber o tamanho do mundo e descobrir quem somos. Inspirada nas idéias de igualdade universal - e também nas brincadeiras e emoções que só as crianças conhecem -, Ruth Rocha escreveu um livro de poesia sobre aquilo que não pode faltar durante a infância.
O poema começa dizendo que "toda criança tem de ser bem protegida/ contra os rigores do tempo/ contra os rigores da vida". Ruth Rocha constrói seu texto brincando com o conceito de direitos da criança - não apenas aqueles que a lei assegura, mas também os que só muita liberdade, brincadeira e alegria podem garantir: direito a correr na beira do mar, a "ver uma estrela cadente,/ filme que tenha robô,/ ganhar um lindo presente,/ ouvir histórias do avô".
Em Os direitos das crianças segundo Ruth Rocha, a alegria é a lei maior. Como diz a autora nos últimos versos do livro, "embora eu não seja rei,/ decreto, neste país,/ que toda, toda criança/ tem direito a ser feliz!". As aquarelas de Eduardo Rocha, marido de Ruth, são bem-humoradas e delicadas, e dão ao poema uma interpretação visual sob medida, que o projeto gráfico de Raul Loureiro soube deixar ainda mais atraente.
O livro traz um apêndice que conta a história da conquista dos direitos infantis desde 1789, com a Revolução Francesa, passando pela "Declaração dos direitos da criança", de 1924, e pela criação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em 1946. O texto apresenta também as conquistas mais recentes, asseguradas na Convenção sobre os Direitos das Crianças, da ONU, em 1989, e pela promulgação no Brasil do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990.


Segue o poema na integra:
Toda criança o mundo
Deve ser bem protegida
Contra os rigores do tempo 

Contra os rigores da vida.

Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.

Não é questão de querer
Nem questão de concordar
Os diretos das crianças
Todos tem de respeitar.

Tem direito à atenção
Direito de não ter medos
Direito a livros e a pão
Direito de ter brinquedos.

Mas criança também tem
O direito de sorrir.
Correr na beira do mar,
Ter lápis de colorir...

Ver uma estrela cadente,
Filme que tenha robô,
Ganhar um lindo presente,
Ouvir histórias do avô.

Descer do escorregador,
Fazer bolha de sabão,
Sorvete, se faz calor,
Brincar de adivinhação.

Morango com chantilly,
Ver mágico de cartola,
O canto do bem-te-vi,
Bola, bola,bola, bola!

Lamber fundo da panela
Ser tratada com afeição
Ser alegre e tagarela
Poder também dizer não!

Carrinho, jogos, bonecas,
Montar um jogo de armar,
Amarelinha, petecas,
E uma corda de pular.

Um passeio de canoa,
Pão lambuzado de mel,
Ficar um pouquinho à toa...
Contar estrelas no céu...

Ficar lendo revistinha,
Um amigo inteligente,
Pipa na ponta da linha,
Um bom dum cahorro-quente.

Festejar o aniversário,
Com bala, bolo e balão!
Brincar com muitos amigos,
Dar pulos no colchão.

Livros com muita figura,
Fazer viagem de trem,
Um pouquinho de aventura...
Alguém para querer bem...

Festinha de São João,
Com fogueira e com bombinha,
Pé-de-moleque e rojão,
Com quadrilha e bandeirinha.

Andar debaixo da chuva,
Ouvir música e dançar.
Ver carreiro de saúva,
Sentir o cheiro do mar.

Pisar descalça no barro,
Comer frutas no pomar,
Ver casa de joão-de-barro,
Noite de muito luar.

Ter tempo pra fazer nada,
Ter quem penteie os cabelos,
Ficar um tempo calada...
Falar pelos cotovelos.

E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.

Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito de ser feliz!



E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.

Uma caminha macia,
Uma canção de ninar,
Uma história bem bonita,
Então, dormir e sonhar...

Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito a ser feliz!