sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A imaginação e a criança

 
                                                               

"A mesa sob a qual se acocora é transformada no ídolo de madeirado templo, cujas colunas são as quatro pernas talhadas. E atrás de uma porta, a criança é a própria porta; é como se a tivesse vestido com um disfarce pesado e, como bruxo vai enfeitiçar a todos que entrarem desavisadamente. Por nada nesse mundo podia ser descoberta. O que havia de verdadeiro nisso pude vivenciar em meus esconderijos. Quem me descobrisse era capaz de me fazer petrificar como um ídolo debaixo da mesa, de me urdir para sempre às cortinas como um fantasma, de me encantar por toda a vida como uma pesada porta".
 
                                                                                                           Walter Benjamin.
 
 
Tenho pensado muito sobre o quanto as pessoas são resistentes em optar por uma fantasia ou brinquedos com tinta, alegando que a mãe não vai gostar da sujeira e me lembrei desse livro, que comento brevemente logo a baixo. Quando comecei a escolher os itens que teria na loja, pesquisei muito e desejei ter fantasias boas, daquelas em que a criança poderia se sentir bem um dia todo, confortavel para dar asas a sua imaginação. Confesso que me intristece um pouco notar que os adultos colocam determinados limites e até sazonalidade para esse voar da imaginação infantil, mas desistir não é uma possibilidade. Sugiro a todos os pais, mães e tios que presenteim as crianças com ferramentas que a auxiliem a voar alto em suas brincadeiras, ofereçam a elas outras possibilidades e deixem a casa suja, pois vai durar bem pouco e logo ela estará limpa e vazia! Procurem também oferecer produtos que elas não tenham sido "convencidas" a comprar por suas séries favoritas ou propogandas excessivas, façam surpresas e se surpreendam com a simplicidade do brincar.

 



[Eu adoro o nome do livro em inglês: Einstein Never Used Flashcards: : How Our Children Really Learn--and Why They Need to Play More and Memorize Less]

Nesse livro as autoras parecem conversar com a gente. E esta conversa de mãe para mãe, mesmo sendo as três especialistas em educação e comportamento, nos faz pensar no desenvolvimento das habilidades intelectuais mais importantes e lembrar que este desenvolvimento depende muito do tempo que as crianças dedicam a brincar. Este é o ponto que eu penso alto e coletivamente aqui: ao contrário do que muitos crêem, o excesso de atividades dirigidas para o aprendizado de conteúdos pode atrapalhar, e muito. No livro eu aprendi como estimular as brincadeiras para torná-las mais produtivas, coisa que eu até repensei quando me aprofundei no Brincar Desestruturado (a base da ideia do Dirty is Good – porque se sujar faz bem), mas que no final tem como mote o mesmo processo de aprendizagem em cada área-chave do desenvolvimento infantil, abordando inclusive os aspectos fisiológicos envolvidos.

 
*****O jogo simbólico é uma atividade em que a fantasia infantil predomina, quando a criança faz representação corporal de sua imaginação, é uma atividade psicomotora que prende a criança à realidade pois, usando a sua imaginação e o faz de conta ela pode modificar sua vontade, apesar de que quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real. Durante a brincadeira a criança vai apreendendo e aprendendo a lidar com situações reais, brincando aprende-se cognitiva e socialmente...

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