segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os Direitos das Crianças



Todas as crianças têm direito a um nome, a uma casa, a comida e estudo. Mas também têm direito a ouvir histórias, andar na chuva e brincar de adivinhação - afinal, a infância é o tempo em que começamos a perceber o tamanho do mundo e descobrir quem somos. Inspirada nas idéias de igualdade universal - e também nas brincadeiras e emoções que só as crianças conhecem -, Ruth Rocha escreveu um livro de poesia sobre aquilo que não pode faltar durante a infância.
O poema começa dizendo que "toda criança tem de ser bem protegida/ contra os rigores do tempo/ contra os rigores da vida". Ruth Rocha constrói seu texto brincando com o conceito de direitos da criança - não apenas aqueles que a lei assegura, mas também os que só muita liberdade, brincadeira e alegria podem garantir: direito a correr na beira do mar, a "ver uma estrela cadente,/ filme que tenha robô,/ ganhar um lindo presente,/ ouvir histórias do avô".
Em Os direitos das crianças segundo Ruth Rocha, a alegria é a lei maior. Como diz a autora nos últimos versos do livro, "embora eu não seja rei,/ decreto, neste país,/ que toda, toda criança/ tem direito a ser feliz!". As aquarelas de Eduardo Rocha, marido de Ruth, são bem-humoradas e delicadas, e dão ao poema uma interpretação visual sob medida, que o projeto gráfico de Raul Loureiro soube deixar ainda mais atraente.
O livro traz um apêndice que conta a história da conquista dos direitos infantis desde 1789, com a Revolução Francesa, passando pela "Declaração dos direitos da criança", de 1924, e pela criação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em 1946. O texto apresenta também as conquistas mais recentes, asseguradas na Convenção sobre os Direitos das Crianças, da ONU, em 1989, e pela promulgação no Brasil do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990.


Segue o poema na integra:
Toda criança o mundo
Deve ser bem protegida
Contra os rigores do tempo 

Contra os rigores da vida.

Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.

Não é questão de querer
Nem questão de concordar
Os diretos das crianças
Todos tem de respeitar.

Tem direito à atenção
Direito de não ter medos
Direito a livros e a pão
Direito de ter brinquedos.

Mas criança também tem
O direito de sorrir.
Correr na beira do mar,
Ter lápis de colorir...

Ver uma estrela cadente,
Filme que tenha robô,
Ganhar um lindo presente,
Ouvir histórias do avô.

Descer do escorregador,
Fazer bolha de sabão,
Sorvete, se faz calor,
Brincar de adivinhação.

Morango com chantilly,
Ver mágico de cartola,
O canto do bem-te-vi,
Bola, bola,bola, bola!

Lamber fundo da panela
Ser tratada com afeição
Ser alegre e tagarela
Poder também dizer não!

Carrinho, jogos, bonecas,
Montar um jogo de armar,
Amarelinha, petecas,
E uma corda de pular.

Um passeio de canoa,
Pão lambuzado de mel,
Ficar um pouquinho à toa...
Contar estrelas no céu...

Ficar lendo revistinha,
Um amigo inteligente,
Pipa na ponta da linha,
Um bom dum cahorro-quente.

Festejar o aniversário,
Com bala, bolo e balão!
Brincar com muitos amigos,
Dar pulos no colchão.

Livros com muita figura,
Fazer viagem de trem,
Um pouquinho de aventura...
Alguém para querer bem...

Festinha de São João,
Com fogueira e com bombinha,
Pé-de-moleque e rojão,
Com quadrilha e bandeirinha.

Andar debaixo da chuva,
Ouvir música e dançar.
Ver carreiro de saúva,
Sentir o cheiro do mar.

Pisar descalça no barro,
Comer frutas no pomar,
Ver casa de joão-de-barro,
Noite de muito luar.

Ter tempo pra fazer nada,
Ter quem penteie os cabelos,
Ficar um tempo calada...
Falar pelos cotovelos.

E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.

Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito de ser feliz!



E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.

Uma caminha macia,
Uma canção de ninar,
Uma história bem bonita,
Então, dormir e sonhar...

Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito a ser feliz!

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